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CAPÍTULO III - ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E CULTURAIS DO POVO VARZEANO

3.1Atividades econômicas e as condições da população

No Rio Grande do Norte, a agricultura e a pecuária vêm historicamente participando da produção e organização do território, uma vez que o mesmo sofreu forte influência do trinômio gado, algodão e agricultura de subsistência nas áreas interioranas e da cultura canavieira na porção litorânea.
Apesar de ser considerada uma das principais atividades econômicas no contexto estadual, a agricultura praticada na maioria dos municípios norte-riograndenses encontra-se em estágio ainda rudimentar, face ao atraso tecnológico utilizado no processo produtivo. Some-se a esse fato o fenômeno cíclico das secas e a forte concentração da propriedade fundiária, que agravam ainda a vida do homem do campo.
Na economia da mesorregião Agreste, a agricultura é caracterizada pelo baixo padrão tecnológico, não obstante, a concentração de terras pelos grandes proprietários. A principal economia é a algodoeira, distinguindo-se o município de S.Tomé, o sisal ou agave e atividade criatória, na microrregião de Baixa Verde, como também a atividade criatória na microrregião Agreste Potiguar. A média das propriedades varia entre 2.000 a 9.000 hectares, se encontram em pequeno número, acima e abaixo desses hectares. Os estabelecimentos industriais da mesorregião em maior número se apresentam nos municípios de João Câmara e Santa Cruz, e com número bem inferior nos demais municípios.
As atividades agropecuárias vêm historicamente participando da produção e organização socioeconômica do Rio Grande do Norte.
O município de Várzea está plantado numa região predominantemente agrícola. Fazendas e sítios constituem sua subdivisão geográfica. Além da agricultura , a pecuária é outra fonte de renda importante da economia local.
Assim como em nosso Estado a agricultura no território de Várzea ainda é a atividade econômica de maior participação na economia do município, embora a estrutura montada para essa atividade esteja superada, reproduzindo as mesmas coisas negativas do passado: a concentração da terra nas mãos de poucos proprietários; a concentração de renda e a exploração do trabalhador. Na realidade uma agricultura rudimentar, de baixo padrão tecnológico.
Na agricultura de nosso município é explorada, principalmente as seguintes culturas: A mandioca que é uma das culturas alimentícias tradicionais em nosso município. Trata-se de uma produção destinada, em quase sua totalidade, à fabricação da farinha de mandioca, que é considerada por muitos habitantes da região Nordeste um produto indispensável à sua mesa.
Esse produto era levado para as casa de farinha. Tudo era feito de forma rústica e braçal, desde a raspagem da mandioca até a moagem. Essas casas de farinha, que embora a sua produção sendo de forma rústica,, consistiam em verdadeiras fábricas da farinha de mandioca, para transformação dessa matéria-prima em vários produtos de consumo das famílias da comunidade. Os derivados da mandioca era a goma, para fazer a tapioca e a massa para o biju. Com a decadência da produção desse produto, conseqüentemente houve uma diminuição nas casas de farinha de nosso município..
O coco-da-baía apresentou em um certo período um crescimento na quantidade produzida. No entanto, a partior desse últimos anos, percebe-se o decréscimo na quantidade produzida.
Outra atividade agrícola importante em nosso município é o caju, devido a importância da castanha de caju. A produção desse produto ocorre em praticamente todo o território norte-riograndense.
Encontra-se ainda em nosso município o cultivo da culturas de subsistência como o milho, feijão, batata doce, manga, entre outra culturas.
O algodão era uma das principais atividades desenvolvidas em nosso território.No passado existia em nosso município, uma boa produção de algodão, no entanto houve a estagnação desse produto em todo o estado do Rio Grande do Norte. Com a falência da economia algodoeira por conta de vários fatores de ordem tecnológica, mas também da concorrência de mercados e do surgimento de pragas, como é caso do bicudo, o estado é afetado por uma crise na sua economia, refletindo o que na verdade também estava acontecendo no Brasil.
A falência da economia algodoeira agravou a pobreza do trabalhador rural, concentrou a renda gerada no campo e induziu ao êxodo rural , um processo migratório que concentra nos distritos e cidades a população antes dispersa pelas fazendas, sítios e pequenos povoados.
A decadência do algodão, fez desaparecer a pequena produção que era exercida por moradores e arrendatários no interior da grande propriedade rural. Em nosso município, essa produção do algodão era levada pelos trabalhadores à casa do vapor - casa onde toda a produção do nosso território era guardada, e conseqüentemente exportada para outras cidades de nosso estado.
Na pecuária é predominante a criação de bovino, no entanto existe uma boa criação de aves caipira, suínos e eqüinos. A exemplo da agricultura, a pecuária, setor tradicional da economia do município, apresenta também declínio ou estagnação.
A criação de bovinos no município, destina-se na sua grande maioria à produção de leite, da qual uma parte é consumida nos próprios estabelecimentos de produção (sítios e fazendas), vindo a outra parte a ser comercializada sob a forma de leite diretamente para o consumidor , ou sob a forma de queijo e manteiga.
A pecuária bovina dá-se de forma semi-intensiva, sem o uso de tecnologias na disponível para o manejo e uma maior produtividade desses animais, como é o caso da inseminação artificial, vacinação para o controlo de doenças e seleção de pastagens. Uma parte desses animais é destinada para a matança, no Matadouro Público do município, sendo destinado para o Mercado Público de Várzea e cidades vizinhas, para serem vendidas em dias de feiras nesses municípios.
Quando se fala em economia rural, logo é relacionado o dinheiro ao gado ou plantações, a venda de gado ou de produtos como o milho, o feijão, a batata doce, entre outros. Porém, não é bem assim muitos dos produtos não são produzidos para a venda, mas, muitas vezes para o próprio consumo, e isso vem dificultando o crescimento da economia de nosso município.
São poucas as fazendas localizadas em nosso território, que produzem produtos para venda externa, as que conseguem realizar esse processo de produção, participam do crescimento da economia de nosso município, e ganham um bom dinheiro. Porém a maioria delas produzem apenas para o próprio consumo, e conseqüentemente ficam em situações precárias.
Diante do que foi constatado, destacaremos as atividades desenvolvidas em algumas localidade, fazendas ou sítios realizadas no interior de nosso município, como:
Lajinha: os produtos que são produzidos para a alimentação do gado são mandioca e capim de corte. Na pecuária temos a criação de gado para o corte e para a produção de leite. Os produtos são produzidos de acordo com o tempo de cada um, como exemplo temos o milho que é plantado em período de chuvas, essa atividade é bem apreciado e é vendido para fora.
Em angicos a produção já é menor, é produzidos apenas batata doce, milho, feijão fava e feijão macaça. O gado é apenas para a produção de leite e na seca ele se alimenta de palmas. Geralmente os produtos produzidos são armazenados, para quando precisarem na seca ou quando o seu estoque acabar.
No trapiá, as mulheres dos fazendeiros descobriram uma nova forma de ganhar dinheiro com a fabricação do macramé, uma atividade simples de fazer e que vendendo ajuda na renda dessas famílias. O milho, o feijão branco, carioquinha e preto,a macaxeira, são atividades produzidas na localidade como agricultura de subsistência, no entanto existe períodos que não são produzidos, por causa da plantação do capim elefante e da batata doce. Os métodos utilizados nessas atividades são as tradicionais, sem o uso de técnicas modernas. Existe uma pequena criação de gado.
No umbú é produzido, a mandioca, o milho, o feijão e o inhame. Para o gado se alimentar é plantado a palma e o capim elefante. A produção de leite desse gado, é fornecida para fábrica de laticínios.
No sítio forma é produzido, milho, fava e macaxeira. A principal atividade pecuária é a de ovelhas. Existe ainda a criação do gado bovino.
A atividade industrial em Várzea, nas décadas passadas, compreendia o beneficiamento de alguns produtos coletados ou produzidos no campo, que saiam daqui, como matéria-prima, para ser transformados em produtos de consumo por industrias de outros municípios. Porém, atualmente com a queda de produção de produtos pecuários, essa atividade quase que não existe, estando limitada apenas nas panificadores existentes na cidade, com produção de pães.
A pesca é de água doce, e praticada em nosso município, predominantemente nos açudes e rios. A pesca é feita por pescadores por esporte ou para alimentação de sua família.
Ambas as culturas (agricultura e pecuária), são comercializadas na feira livre e no mercado público do município que acontece aos domingos. O excedente é exportado para as feiras dos município circunvizinhos.
A feira livre da cidade foi criada à décadas atrás pela necessidade de compras das pessoas da cidade e do interior, a mesma era inicialmente abastecida apenas pelos agricultores do município, que colocavam para serem vendidos na pequenina feira.
A feira livre esteve sempre próximo do mercado público, o primeiro mercado era apenas um galpão, logo depois construíram no mesmo local o antigo mercado localizado bem no meio da rua principal da cidade, que além de servir para vender a carne que abatida pelos marchantes, era o ponto de grandes concentrações públicas que ocorriam na cidade, como as festas cívicas de sete de setembro e emancipação política, além de concentrações políticas e festas juninas que eram realizadas naquele local.
Atualmente a feira livre, recebe feirantes de toda a região e encontra-se cada vez mais se expandiu pelas ruas mais próximas do novo mercado público.
O comércio do município, que tradicionalmente ocupava apenas a rua principal da cidade, se alastrou nas ruas em direção a zona central da cidade.
Na última década, Várzea vivenciou um verdadeiro crescimento em termos de comércio varejista. Em busca de lazer, conforto e variedade. Existe na cede do município atualmente uma variedade de estabelecimentos comerciais , como: uma Agência, um posto de Correios, loja de eletrodomésticos, lojas de confecções, lojas de material de construção, mercearias, mercadinhos e um supermercado, bares, restaurantes, sorveterias, açougues, oficinas mecânicas, clube recreativo, balneário, várias farmácias, lojas de games além de vários quiosques nas praças da cidade.
Na sede do município, encontra-se uma Agência e um Posto dos Correios. Várzea possui 96 empresas com CNPJ atuantes no comércio varejista.(IDEMA-200l)
Uma das atividades que mais cresce atualmente é o comércio e serviços. o crescimento das cidades demonstra que, à medida que uma sociedade se urbaniza, ela passa a exigir e a necessitar de mais serviços, como: transportes, vigilância, educação, saúde, serviços domésticos e de lazer. É o caso de nossa cidade, cujo processo de urbanização é um fato, por conta das transferências de populações das áreas rurais para a sede do município. Esse setor, também chamado de terciário, que envolve serviços, juntamente com o comércio, cresceu bastante em todo o Brasil, no Rio Grande do Norte, hoje corresponde por 55,8% da população economicamente ativa do Estado, ou seja, mais da metade das pessoas que trabalham está desenvolvendo suas atividades nesses dois segmentos. O mesmo vem ocorrendo com o nosso município, a maiores das pessoas trabalham nesse setor da economia.
No Rio Grande do Norte, assim como em todo território nacional, essa economia ligada ao setor terciário se expande, induzida por uma nova divisão territorial do trabalho. O crescimento desse setor se dá inicialmente pala criação e expansão do emprego público. O terciário faz com que a mobilidade maior não seja das mercadorias, mas das pessoas à procura dos serviços, principalmente saúde e educação.
Quanto mais se expande o território, maior será o deslocamento de força de trabalho do campo em direção à cidade. Essa economia terciária ganha papel preponderante na economia urbana e a região nasce ou consolida-se em torno do centro de serviços.
A economia terciária que, no caso das cidades norte-riograndeses, se dinamiza a partir da década de 1960, gera um novo urbano, representado o lugar privilegiado de uma divisão territorial-social do trabalho. Terceirização que produz um mercado de trabalho até certo ponto elástico, inclusive gerando categorias novas de trabalhadores: o biscateiro, os vendedores ambulantes, os feirantes, formas de subempregos criados pelo setor, formas de subempregos criados também no setor primário, como é o caso do bóia-fria, inclusive em Várzea, há uma grande parcelas de homens que exercem essa função por falta de oportunidades melhores de empregos. Esses bóias-fria saem de suas casas no início da madrugada para o corte de cana-de-açúcar em municípios vizinhos como: Goianinha, Canguaretama, Baia Formosa e até mesmo em cidades do estado vizinho da Paraíba.
O crescimento do número de pessoas empregadas nos órgãos de governo (federal, estadual e municipal) gera uma massa de salários. Esses serviços ampliam o emprego público, que juntamente com as aposentadorias dos trabalhadores rurais e os recursos do Fundo de Participação dos Municípios, aparecem como um substituto aos empregos e capitais perdidos com a falência das economias agropecuárias.
As aposentadorias no município movimentam as feiras semanais e o pequeno comércio e transferem os idosos (aposentados) e seus dependentes, que são numerosos, do campo para a sede do município, onde o benefício é pago. A outra parcela da população de sustenta a feira livre e o comércio local são os funcionários públicos.
A outra parte da população que não seja aposentado ou funcionário público, que é pobre e apresenta alto índices de pessoas que sem nenhuma renda, vivem dependendo de bicos ou ajuda de seus familiares. Por essa razão muitos decidiram ir em busca de trabalho em grandes centros do País ou até mesmo em outras cidades próxima deixando por imposição sua terra natal. Outros decidiram ir na expectativa de conseguir uma vida de maiores conquistas, já que é em grandes cidades que se encontra as maiores oportunidade de crescimento profissional e financeiro.
As opções por uma vida longa e saudável, ou por adquirir conhecimento, ou por um padrão de vida decente, são fundamentais para os seres humanos.(...), Algumas escolhas humanas são consideradas básicas porque, à medida que são alcançadas, abrem caminho para as demais. Essas idéias estão na origem da não de desenvolvimentos humano. (PNUD, 1998.P.35)
A realidade existente em nosso município, é percebida em índices que mostram a qualidade de vida da comunidade varzeana, destacaremos alguns dados estatísticas que são divulgadas pelos órgãos públicos, para que possam ser usados pelos governantes, para desenvolverem projetos que beneficie a população de um município, estado ou federação, tentando muda o quadro existente nessas instituições de governo.
No ranking de desenvolvimento, Várzea está em l05º lugar no estado (l05/l67 municípios) e em 4.292º lugar no Brasil (4.292/5.561 municípios).
De acordo com Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, que é uma medida comparativa de pobreza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores adotados por diversos paises do mundo para medir a evolução das populações. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente bem-estar infantil.
A noção de desenvolvimento humano é sempre relativa às condições de sociais em que as pessoas vivem, à sua classe social, ao padrão de consumo da sua sociedade e muitos outros fatores.
O Índice de desenvolvimento Humano – IDH, reflete as condições de três variáveis básicas para uma qualidade de vida digna: a expectativa de vida ao nascer, a escolaridade e o Produto Interno Bruto per capita.
Se a população possui uma média de anos de vida elevada, pode-se concluir que, de forma geral, as pessoas levam uma vida saudável. Para ter uma vida longa é necessário que haja boas condições de saneamento básico, alimentação, assistência médico-hospitalar, moradia e um meio ambiente saudável.
Essas necessidades são essenciais para que se reflita na melhoria de qualquer população. De acordo com os registros dos óbitos no período de 200l à 2005, verifica-se que os varzeanos vivem em média 73,0l anos de vida. Essa média pode ser considerada baixa, se compararmos com países como o Japão, onde a expectativa de vida é superior a 80 anos, contudo já é superior a expectativa de vida do nosso país, que é de 70,3 anos de vida.
Outro aspecto que observamos nos registros de óbito é que nesse período ouve fatalidades envolvendo jovens em nossa cidade. E isso leva para baixo o índice da esperança de vida ao nascer. Em contra partida ouve casos de populares falecidos com mais de l00 anos de vida, verificamos também que nos últimos anos não houve óbitos de recém nascidos.
No que se refere a renda per capita, não se tem um valor especifico, porém é visível que em nossa município, uma pequena parcela da população ganha mais que um salário mínimo, e a grande maioria da população ganha menos que um salário mínimo, vivendo de “bico” ou no mundo do subemprego – trabalhadores que vivem de trabalhos avulsos de baixa remuneração ou temporários, vendedores ambulantes, empregadas domésticas, trabalhadores agrícolas alguns conhecidos como “bóias-fria”, que não possuem registro em carteira. Existe uma outra parcela da população que não possuem nem uma remuneração sequer, esses sobrevivem com remunerações de programas sócias do governo.
A população varzeana, de acordo com os dados avaliados, juntamente com vários municípios do Brasil, tiveram sua classificação elevada. Instituições internacionais como o Banco Mundial, que acompanha esse índice em todo o planeta, atribui esse crescimento a implantação de programas sociais, como o Bolsa Família por exemplo.
No município de Várzea esse Programa foi ativado pela Prefeitura Municipal em 200l. Desde então, muitas famílias foram credenciadas e permanecem recebendo benefícios mensais que variam de valores conforme a quantidade de pessoas e a renda per capita. Mensalmente é destinado para o município de Várzea, só para programas sociais pagos diretamente para os beneficiários, mais de R$ 45.000,00. Para um município sem renda expressiva como o nosso, esse valor é bastante significativo.
Além dos programas sociais ativados a partir de 200l, existem outros números que reflete, nas condições de vida da população que aqui reside.
A rede de saúde do município de Várzea dispõe de 03 Unidades Ambulatórias.
O município possui 2.002 domicílios permanentes, sendo l.385 na área urbana e 617 na área rural. Desses 1.356 são abastecidos de água através da rede geral, 176 através de poço ou nascente e 474 por outras fontes. Apenas 03 domicílios estão ligados à rede geral de esgotos.(IDEMA-200l).
De acorde com a Telemar, em 200l existiam, 378 terminais telefônicos instalados, em 2002 a Cosern registrou, 1.324 estabelecimentos com energia elétrica, e constam 232 veículos automotores registrados no Detran
Importa destacar que o IDH é um número que pode ser utilizado para comparar as realidades socioeconômicas de países, região e até mesmo cidades.com esses dados, organizações institucionais governamentais e não governamentais que tentam melhorar as condições da infância, da alimentação e do trabalho, conseguem criar mecanismos de pressão e chamar a atenção para os graves problemas ligados à violação de direitos humanos, que acontecem em vários lugares do mundo.
Porém, o Índice de Desenvolvimento Humano não reflete vários outros problemas do dia-a dia dos cidadãos que podem estar comprometendo sua qualidade de vida. O IDH não mede as condições de bem-estar da população, não indica os traumas de preconceitos arraigados na sociedade, os índices de criminalidade, de desemprego, o consumo de drogas e outros.
Se pensarmos essa questão focalizando o cotidiano dos habitantes de uma cidade, por exemplo, perceberemos a extensão dos direitos de cidadania:
Como poderá alguém nela viver se não tiver onde morar? Como morar sem estar empregado e receber um salário suficiente para comprar tudo de que necessitar? Como arrumar emprego, ter melhores salários e ser socialmente promovido sem ter algum tipo de preparo e especialização? Como estudar e trabalhar sem se alimentar e dormir bem? Como estar bem nutrido se não puder comprar alimentos mais variados e saudáveis? Finalmente, se alguma desgraça ou doença acontecer, ou quando a velhice chegar, como fazer para continuar vivendo sem condições de trabalhar ou só com a aposentadoria? (ALVES,1992.p.43).
Alem disso, esse indicador é uma média. Se um país, ou mesmo uma cidade, tem um IDH elevado, isso não significa que todos os cidadãos desfrutem de boas condições de vida.
A grande contradição é que os indicadores sociais de melhoria da qualidade de vida, apesar de ter avançado, esses índices em relação ao padrão nacional e até mesmo relacionados a muitas cidades do estado, nossa cidade ainda encontra-se distante de atingir um índice de qualidade de vida. Essa elevação não significa que toda a população vivem em boas condições, apesar da melhora muitos de nossos habitantes encontram-se na faixa de pobreza.
A concentração de renda e a exploração do trabalhador, mazelas histórias da nossa estrutura social, prevalecem em nossa sociedade. A percepção que temos desse processo é que a inclusão do lugar na economia moderna não significa a inclusão de todos e que a seleção também ocorre em termos do mercado de trabalho, em que muitos são excluídos.
Um olhar mais atento sobre essa realidade evidencia que o mal maior é a falta de políticas que reorganizem os espaços, cujas dificuldades foram acentuadas com a crise do algodão, já que essa cultura fornecia aos pequenos produtores rurais uma renda razoável com a venda da safra.
Esse quadro de desmonte das economias do semi-árido estadual faz com que, em alguns municípios sertanejos, ao qual o nosso está incluído, a maioria das famílias sobreviva da aposentadoria dos idosos, que assegura uma renda mínima, mas permanente.
As sedes dos municípios só apresentam movimento comercial, principalmente nas feiras semanais, no momento em que se inicia o pagamento do funcionalismo público municipal e estadual, mas principalmente com a circulação do dinheiro das aposentadorias, que representa, em 103 municípios do Rio Grande do Norte, um valor maior do que o repasse do governo federal por intermédio do Fundo de Participação dos Municípios – FPM.
Esses seriam os espaços de exclusão dessa economia global? A culpa por essa situação tecnológica que torna obsoleto e sem valor o fazer tradicional? Essa tal tecnologia ameaça, portanto, os lugares que não absorveram essas modernidades? Mas a culpa é também do modelo capitalista, que torna mais complexos os fenômenos sociais, como a organização do trabalho global, que aponta para a eliminação de profissões e de postos de trabalho.

3.2 – Educação, formação do cidadão varzeano

Numa sociedade em que a população tem acesso à escola as pessoas podem exercer melhor seu papel de cidadãos. Assim, quanto mais escolarizada a população, melhor o nível de desenvolvimento.
No início da formação da nossa comunidade a educação não era destinada à classe popular, a qual ao longo dos séculos ainda permanece sendo privilegio de poucos. Naquele tempo a educação escolar eram instaladas em pequenas comunidades, existiam apenas nos grandes centros urbanos dificultando assim o acesso a educação daqueles que residiam nas áreas rurais.
Portanto, naquela época, vinha professora de fora e ensinavam em casas cedidas e as mesmas hospedavam-se nas casas dos moradores da comunidade. Segundo os entrevistados a lembrança que se tem da primeira professora era de Gertudes, que vinha de longe para ensinar em casa cedida pela comunidade. Registrados em documentos, como primeiros mestres que se dedicaram ao ensino sistemática nesta terra foram as professoras, Benedita Marques, Éster Teixeira Lopes, Brasilina Bernardo de Freitas, Valtudes Molic, Ciraira Fereira Lopes, Lurdes Batalha de Oliveira e outras. Algumas delas lecionavam durante curta temporada. Lurdes Batalha (na sede do distrito) e Brasilina (em Jundiá) se destacam por terem desempenhado por longo período o serviço no magistério local, ensinando durante décadas em salas de aula, improvisadas em residências particulares.
A senhora Lurdes Batalha foi a primeira professora da primeira escola pública de nossa cidade, no entanto por motivos políticos a então professora passou pouco tempo nesta escola, o que a fez partir de nossa cidade. Porém a mesma teve papel indispensável na formação dos moradores desta comunidade, que aqui deixou a semente plantada e deu inúmeros frutos de seus ensinamentos, foi com ela que muitos moradores de hoje aprenderam a ler e a escrever e alguns deles tornaram assim como ela multiplicadores de seus conhecimentos. Para o sociólogo francês Émili Durkheim (Nova Escola, 2003, p.32), a principal função do professor é formar cidadãos capazes de contribuir para a harmonia social.
Durante a década de 50, o ensino de Várzea, pouco modificou-se, algumas salas funcionavam em domicílios cedidos por particulares, nessas salas ocorriam simultaneamente para alunos de séries escolares diversas. Esse quadro indicava sumariamente os grandes obstáculos enfrentados pelas mestras pioneiras.
A criação legal da primeira escola publica do município de Várzea, originou a atual Escola Estadual Dom Joaquim de Almeida, ocorreu em 27 de setembro de 1950, quando Várzea ainda era um distrito vinculado ao município de Goianinha.
O terreno foi doado pelo fazendeiro o Senhor José Moraes, paraibano dono da Fazenda Vapor.
Seu primeiro nome foi Escolas Reunidas, sem plena autonomia administrativa centralizada, que compreendiam um conjunto de salas de aula dispersas. Somente posteriormente passou a chamar-se Grupo Escolar Dom Joaquim de Almeida em homenagem ao primeiro Bispo Potiguar natural de Goianinha, o qual tinha vínculos familiares com o senhor Domingos Lira de Almeida (Sr. Nozinho), habitante varzeano. Esta denominação só se alterou em 1978, quando assumiu o atual nome, Escola Estadual Dom Joaquim de Almeida, em conseqüência de novo status adquirido, passou a estabelecimento de ensino fundamental completo (lª a 8ª séries).
Após Lurdes Batalha, as primeiras professoras da referida escola foram; Zilda Roriz de Oliveira (primeira diretora), Zeneide Hortêncio de Medeiros Braga e Maria José de Carvalho Alexandria.
Atualmente na área educacional do nosso município, possui 08 estabelecimentos de ensino, sendo 06 da Administração Municipal, 01 da Administração Estadual e 0l Particular.
De acordo com os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacional – Inep, órgão oficial responsável pela coleta de dados estatísticos do censo da educação em todo país, que divulgam a totalização de pessoas que encontram estudando em estabelecimentos de educação. O município de Várzea, apresenta um acréscimo constante no números de estudantes matriculados em escolas públicas, (municipais e estadual) e particulares.

3.2 – A cultura do povo varzeano

A cultura popular do Rio Grande do Norte, assim como a varzeana se alimentada das mesmas fontes da cultura nordestina, cujas peculiaridades são determinadas principalmente pela presença da cultura do colonizador português , pelas culturas africanas trazidas pelos negros, e pela cultura indígena dos Potiguares e dos Cariris que habitavam nosso Estado.
Essas seriam as três principais vertentes da nossa herança cultural, sendo que, para alguns estudiosos do nosso folclore e da nossa arte popular, as raízes mais fortes são de origem portuguesa e podem ser percebidas através da linguagem, literatura oral e de cordel, das festas religiosas e de algumas danças e folguedos.
Mas os negros de origem africanas e os índios que aqui viviam também participaram com os seus hábitos, costumes e crenças para a formação de nossa cultura. Os negros definindo religiosidade e crenças; os índios, influenciando na alimentação.
As manifestações culturais que conseguem ainda sobreviver nos dias atuais – quando o interesse pela televisão reduz as possibilidades de as pessoas manterem suas tradições, hábitos e costumes herdados dos antepassados – precisam ser valorizadas; os grupos que as reproduzem, por sua vez, incentivados, para manter vivas a nossa memória e a nossa história.
Por isso é importante que manifestações da cultura popular, como a literatura de cordel, as danças e folguedos, as feiras livres, as festas religiosas, o artesanato, sejam conhecidos, para que através da participação, possamos manter vivas as nossas raízes e a história daqueles que nos antecederam.
Típico de cidade interiorana, os varzeanos são festivos por natureza. Não deixam passar uma festa regional sem alguma comemoração.
Além das datas tradicionais, que reúne as famílias varzeanas, como o ano novo, o Natal, São João e carnaval, dias das mães, dias dos pais, dias das crianças, semana santa, os varzeanos tem calendário próprio de suas comemorações.
Festejam o seu Padroeiro São Pedro no mês de junho, Semana da Cultura no mês de agosto, e ainda a emancipação política do município no dia 20 de dezembro.
Descaremos aqui os ciclos de festas populares e religiosas, a que estamos acostumados a participar desde crianças, vêm de muito longe. Eles têm origem desde que o homem começou a lidar com a terra, nela plantar e colher o seu sustento: como os antigos não tinham noção do funcionamento do universo, as alterações do clima eram tidas como obras dos deuses e por isso eles eram muito homenageados. Em geral as nossas festas populares também têm, inicialmente, uma intenção religiosa que acaba se convertendo em recreação. Como dizia Cascudo: “...o povo não perdia ocasião. Ia. Meia hora de devoção. Dez horas de vadiação”.
O carnaval é festa mais popular do Brasil e é uma mistura das tradições européias que se mesclaram aos costumes mestiços da nossa sociedade. O carnaval em nossa cidade, acontece com desfile de blocos vindos de outras cidades, principalmente bloco de tribo de índios.
A Semana Santa se inicia quarenta dias depois da quarta-feira de cinzas. Esse período é chamado de quaresma e é dedicado pelos católicos à meditação e revitalização da fé. A comemoração relembra a crucificação de Cristo à sua Ressurreição; a festa profana acontece no Sábado de Aleluia, com a malhação de Judas. “No Brasil a malhação de Judas já foi intensamente praticada (...) preparava-se um boneco especialmente para a queimação ou o enforcamento”, informa Câmara Cascudo, no Dicionário do Folclore Brasileiro.
Uma tradição que também herdamos é a comemoração do Domingo de Páscoa, que sempre rememora a paz, a luz, alegria e salvação, assim pregada e difundida pela igreja. A Páscoa é o símbolo da Ressurreição de Cristo.
O ciclo junino: as festas de Santo Antonio, São João e São Pedro as alegres e são muito concorridas em todo o nordeste do país. Por acontecerem um período de colheita, são mais fartas, tendo um cardápio próprio para o período, em que milho é o destaque. Entre as festas juninas destacamos a festa do padroeiro de Várzea, São Pedro, que acontece no dia 29 de junho, com realizações de grandes eventos populares e intensa programação religiosa. Nessas festas os varzeanos se deslumbram com as apresentações de quadrilhas matutas e estilizadas, os bailes de forró, o milho assado, a pamonha e a canjica, as fogueiras acesas nas ruas. “(...) os ritos da fogueira, acende-la, pular-lhe por cima, comadres, compadres, tomados num cerimonial ao redor das chamas, dizendo três vezes e mudando de lugar: São João disse e São Pedro confirmou; que nós seríamos compadres; que Jesus Cristo mandou (...)” (CÃMARA CASCUDO)
Nesse período também ocorre as vaquejadas, no parque municipal, a mesma já tradicional em toda a região Agreste, onde vem uma grande quantidade de participantes.
Em dezembro se inicia o ciclo natalino. Onde as famílias varzeanas, se reúnem e comemoram o nascimento de Cristo, e a chegado do Ano Novo.
No dia 20 de dezembro comemora-se a Emancipação Política do município, a programação nesse dia é extensa, começando com a alvorada, seguida de várias modalidades esportivas, além de missa em ação de graças e shows em praça pública.
Na cultura varzeana, também destacamos a religiosidade do povo dessa terra, onde há uma diversidade de religiões, mas a maior parte da população pratica o catolicismo.
Entrevistamos as senhoras Marlúcia Rodrigues da Silva, Genira Bento da Silva, Terezinha Bento Ribeiro, Vilma Anacleto de Souza, Valdirene Salvador e o senhor Ernandes Pedro de Oliveira, que deram ricas informações da origem de nossa comunidade, as quais foram repassadas pelos seus antepassados.
No início da formação da comunidade por ainda não haver uma capela, as missas eram celebradas no alpendre da mercearia da casa do senhor Minervino Bezerra, as eram rezadas pelo primeiro padre Manoel Pereira, que vinham à cavalo do município de Goianinha. Nessa época as missas era celebrada uma vez por mês.
Com a necessidade de um lugar para realizar os atos religiosos, a comunidade teve a iniciativa de construir a primeira Capela do município de Várzea, que se deu pó volta do ano de 1886, ajudaram na construção os senhores Tarquino Bento, Pedro Florêncio, Antonio Rosas, João Bento além de toda a comunidade, a qual constitui uma das primeiras edificações que se localiza bem no centro da cidade de Várzea – (Figura 1). Nas festas religiosas o senhor João Bento trazia a banda de Araruna da Paraíba.
Por Várzea ser uma terra fértil e um lugar animado, o povo dessa terra escolheram São Pedro como o padroeiro do muncípio, cuja imagem foi adquirida em Portugal, a mesma veio até Recife, seguindo de trem até Goianinha, de lá até Várzea a imagem foi transportada de carro de boi, sendo recebida pelo povo da comunidade com muita festa, onde as casas estavam enfeitadas de bandeiras e flores. A imagem de São Pedro, está em Várzea desde 1859.
No lugar da antiga capela foi construída a Igreja do Padroeiro da Cidade do município de Várzea, São Pedro, a mesma foi erguida pelos próprios moradores da comunidade. O pedreiro paraibano mestre Abel, trouxe a planta da Igreja, os pedreiros que ajudaram na construção da obra foram; o senhor Plácido Teixeira, Oliveira Jorge, Carlito Caíco, Cícero Caíco, Cícero Belo, Antonio Belo entre outros.
A construção da nova Igreja, se deu no ano de 1954, e a primeira missa nessa Igreja foi celebrada pelo padre Armando de Paiva, em 1958.
As palmeiras que estão plantadas em frente a Igreja Matriz, que segundo as descrições oficiais das características da Bandeira do Município, elas simbolizam a perenidade da espécie existente na cidade e estão como sentinelas à serviço de Deus. As mesmas foram trazidas pelo senhor Antonio Coelho, e plantadas por Diomar Batista.
O Monsenhor Armando de Paiva, Pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres e o Padre Newton Coelho de Oliveira (primeiro vigário da área pastoral de São Pedro), em 13 de dezembro de 2005, convidou a comunidade católica para participar da solene cerimônia de instalação da Área Pastoral de São Pedro (quase Paróquia), na cerimônia esteve presente o Revmº Dom Matias Patrício de Macedo, Arcebispo da Arquidiocese de Natal. Na qual as comunidades que compõe a área Pastoral São Pedro são: Várzea, Espírito Santo e Jundiá).
Um dos acontecimentos importantes para os católicos varzeanos foi a visita de Frei Damião quando houve uma grande concentração de romeiros na cidade vindos de todo o estado para a nossa cidade.
A comunidade católica de nossa cidade, também considera como símbolo da religião o “Cruzeiro”, sabe-se através dos mais antigos que antes do atual Cruzeiro existia no mesmo lugar um outro, construído aproximadamente na década de 20. O senhor Severino Coresma cuidava em guardar o já atual Cruzeiro, que foi construído no ano de l960. O Cruzeiro tornou-se um lugar de orações é lá que os católicos acendem velas para pagar promessas e para os que partiram para a outra vida nos dias de finados. No passado no mês de outubro também realizava-se todos os anos a festa do Cruzeiro, onde toda a comunidade participava do evento religioso, o mesmo era muito animado, com a realização de terços e leilões além muitas barracas.
O ano de l980 foi marcante para o município de Várzea. Neste ano se realizara a primeira Semana da cultura, uma iniciativa de resgatar, divulgar e perpetuar a cultura varzeana, em projeto idealizado pela professora Gabriela Maurício de Pontes, grande contribuidora da educação do município e apoiado por Severino Florêncio Sobrinho, prefeito na época. O dia do folclore foi a data agendada para a realização deste evento, e o sucesso foi tanto que hoje é notório o crescimento e a grande proporção por ele tomado, assim podemos dizer que já virou folclore...Mas o que é folclore? Segundo estudiosos, é o conjunto de elementos artísticos feitos do povo para o povo, sempre ressaltando o caráter tradicional destas representações, sempre transmitidas de uma geração para outra através da prática (os pais ensinam aos filhos, que ensinam aos netos). O folclore varia bastante de um País para o outro, e até mesmo dentro de um Estado é bastante variável. O termo Folk-Lore foi empregado pela primeira vez em 22 de agosto de l846, sendo assim, o mês de agosto fica consagrado ao Folclore. Folk quer dizer povo; Lore, o saber, o conhecimento, o costume. Para ser deter minado como de fato inteiramente folclórico deve ser: trasmitido oralmente, de boca em boca; ser social, praticado por muitos e não por uma só pessoa; ser espontâneo, livre; ser anônimo, não se conhece o autor de superstição, de uma dança popular, de um provérbio ou advinhas.
A Semana da Cultura é realiza na cidade de Várzea, sempre no mês de agosto, com a participação das escolas, igrejas, prefeitura e comunidade em geral, durante o evento, há exposições de trabalhos artesanais dos projetos e das oficinas realizadas pelas escolas e por grupos locais e regionais, além de barracas com comidas típicas, jogos e outras atrações.
Para que possamos conhecer melhor a origem desse grande evento cultural que ocorre todos os anos em nossa cidade, entrevistamos os idealizadores desta festa o Ex-Prefeito Sr. Severino Florêncio Sobrinho e a Professora Gabriela Maurício de Pontes.
Severino Florêncio Sobrinho, varzeano, casado com a senhora Rosilda Rodrigues, teve o privilegio de através do voto da população varzeana, administrar os destinos do município, por três vezes. Mais antes de ingressar na política, exerceu outras atividades profissionais. Está atualmente, aposentado, mora em Várzea, mais já viveu em Natal. Dedica sua vida a família, a leitura (um de seus robby) e aos amigos. O mesmo possui um grande acervo pessoal. Apresentou jornais, livros, fotos dos eventos municipal de sua época, além de várias histórias de nosso município, é a história viva do município de Várzea.
Como sabemos que a Semana da Cultura surgiu em um de seus mandatos, gostaríamos que falasse um pouco como surgiu essa idéia.
“ Em 1980, fui procurado por Dona Gabriela que na época exercia o cargo de diretora da Escola Estadual Dom Joaquim de Almeida, para apoiar um evento que ela estava querendo implantar na Escola. Naquela ocasião, nosso apoio foi mais para proporcionar condições através de transportes, lanches, alguns materiais necessários, e até mesmo convidar pessoas importantes para proferir palestras. Também me lembro que o nome antes era Semana do Folclore”.
Quando perguntado quais lembranças guarda na memória desses primeiros eventos, o entrevistado foi bastante detalhista, em relatar sobre a Semana da Cultura:
“Me lembro bem quando se encerravam as apresentações no palco, ficávamos eu e mais vários amigos nas barracas de comidas típicas, bebendo aperitivos e ouvindo o Dr. João, dentista daquele tempo, tocar cavaquinho nessa roda de amigos. Também me lembro de pessoas ilustres que tivemos o prazer de convidar e recebe-los em nossa residência durante essas festas. Pessoas com Dr. Deífilo Gurgel, Capitão Gonçalo, Juiz Dr. João Nunes Maia, entre tantos outros. Outra coisa interessante, antes de ser realizada na rua, a Semana da Cultura realizou-se na calçada da Escola Estadual, no mercado público(que nessa época se localizava na rua central de Várzea) e só depois é que ficou sendo realizada no centro da cidade. Não poderia esquecer do quanto Capitão Gonçalo colaborou com minhas administrações e com a cultura do município de várzea. Toda vez que ele escrevia um livro, fazia questão de me dar um e sempre com dedicação a mim. Mais não é só por isso que tenho consideração por Capitão Gonçalo , juntamente com amigos seus da Polícia Militar da Paraíba, criou o Hino de Várzea, deu opiniões sobre a nossa bandeirae, várias vezes, nas comemorações da Semana da Cultura, Emancipação Política ou Festa de São Pedro, surpreendeu a nós varzeanos com a banda de música da Polícia Militar da Paraíba, tocando a alvorada. Era emocionante para nós”.
Nossa próxima entrevistada da idéia que deu origem a Semana da Cultura é a Professora Gabriela Maurício de Pontes, especialista em educação, natural de Santo Antonio/RN, desenvolveu ao longo de sua vida, diversas atividades profissionais, sempre na área da educação, dentre elas destacamos as seguintes: lecionou na fazenda de seu pai como professora municipal, graduou-se em Pedagogia com habilitação em Administração Escolar, Orientação Educacional e Supervisão Escolar, pela UFRN. Também Pós-graduada em Gestão Educacional. Já lecionou em todos os níveis e modalidades de Ensino, incluindo professora da Educação de Jovens e Adultos. Convidada, e professora Universitária, em turmas de Pedagogia. Em 1976, assumiu a direção da Escola Estadual “D. Joaquim de Almeida” em Várzea, chegando a permanecer no cargo, por um período de dez anos. Assumiu o cargo de Secretaria Municipal de Educação, em Várzea. Além de toda essa experiência, a professora Gabriela carrega com sigo o mérito de ter idealizado e implantado a Semana da Cultura da cidade de Várzea.
A primeira pergunta feita a professora Gabriela Maurício de Pontes, não poderia ter sido outra, foi perguntar como teve início a Semana da Cultura, já que quem responderia a pergunta era justamente a idealizadora desse grandioso projeto:
“Teve início em l980, em uma das calçadas da Escola Estadual Dom Joaquim de Almeida, quando fui diretora. A idéia de comemorar a terceira semana de agosto coma uma programação diversificada, ocorreu intencionalmente, com o objetivo de resgatar, preservar e divulgar os valores culturais do povo varzeano”.
O que é que a professora chama de valores culturais? Poderia citar nomes de pessoas que fizeram parte da cultura popular do povo varzeano? Prontamente a professora Gabriela respondeu:
“Várzea sempre foi uma cidade marcada por traços significativos de uma cultura popular diversificada, como exemplo: o boi de reis do Mateu Joca Chico, o coco de ganzá embolado por Zé Camarão, pastoril de Bita Inácio e Joaquim Rosendo, a lapinha de DonaEunice que tinha como palhaço seu esposo Bita, joão redondo de Joaquim André, Joaquim Lino e Cícero Geraldo, as vaquejadas do Coronel Zé Lúcio, Rubem Alexandria, Raimundo Rosas, Arnor Coelho, Pasqualino Gomes Teixeira, Zé Canindé e outros da região Agreste. As rezas ou “benzedeiras” de Mãe Claudina(que também era parteira),Mãe Miquil, as mais recentes Dona Elina, Dona Rosa de Seu Antonio Ventinha; violeiros diversos como senhor Antonio Barbosa, Zé Barbosa e o inesquecível Eduardo Coelho; tem sido também muito freqüente o trabalho artesanal em argila, ou seja, objetos feitos de barro, pelas “louceira”, uma muito conhecida é a Dona Zefinha. Eu tive o prazer de conhecer e apreciar os trabalhos artísticos de alguns dessas pessoas”.
Como foi a participação das pessoas nos primeiros anos da festa da Semana da Cultura e nesse contexto, quem a senhora destaca?
“Sempre teve uma participação integral dos alunos, professores, pais de alunos e demais pessoas da comunidade. Nossa grande consultora foi a professora Amélia Bezerra Lopes “Dona Melisinha”, na época lecionava folclore na Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Dr. Marcos Galvão, médico do Centro de Saúde de Várzea na época, tivemos também a assessoria importante das professoras Sônia Teixeira, Terezinha Alves Ana Maria Guimarães, Severina Ramos,Dona Amélia, Wilma Anacleto, Zilda Roriz, Zeneide, Vera Lúcia, Diva, Rosa Marreiros, Terezinha Bento,Fátima Belo,Arlete Cavalcante, Conceição, Benício, finalmente, todos os professores deram sua contribuição. O prefeito naquele tempo era o Senhor Severino Florêncio, ele não media esforços para apoiar o projeto e oferecer as condições necessárias para que tudo acontecesse, dentro das possibilidades.
Quando perguntado como era que a professora via a continuidade dessa idéia, e se a comunidade continua participando, a entrevista respondeu o seguinte:
“Vejo com muita satisfação. Cada ano quando se aproxima a Semana da Cultura, e expectativa é muito grande. Como será? O que fazer para manter viva essa tradição? Quando sinto que tem alguém desanimado fico muito triste e rezo para que todos participem e dê o sua contribuição. Mais isso não vai acontecer nunca com o nosso grupo pois, todos são muito interessados. Temos uma equipe de professores, funcionários e colaboradores muito dinâmico e criativa. São eles os grandes colaboradores para que esse evento continue acontecendo, aos quais, estendo meu agradecimento”.
Porque Várzea chegou a ser chamada de Cidade da Cultura?
“Deixa eu contar uma brincadeira. Depois de toda essa história, pergunto:dá ou não dá para Várzea ser chamada “Cidade da Cultura”. Mas a resposta certa é essa: ao longo do tempo, sempre tivemos a participação de pessoas muito respeitadas e conhecedoras da cultura popular, prestigiando esse nosso evento, dentre eles destamos a participação de Deífilo Gurgel. Foi ele quem “batizou” com esse título a nossa cidade. Aqui pergunto: como sntestar se a idéia do nome foi dada por um grande conhecedor da cultura popular? Inclusive, o próprio Deífilo, publicou em jornal. Tivemos também a participação de Veríssimo de Melo e Heráclito Noé”.
Nessas entrevistas constatamos o quanto está presente a cultura no povo varzeano. Um grande acervo patrimonial de nossa cultura provém da produção artística dita popular, ou seja, aquela realizada pelas pessoas simples, em geral não educadas para tal. Nesta produção podem estar incluídas obras nascidas de todas as formas de expressão artística, da dança, do teatro, do artesanato, dos versos populares, lendas, supertições e muitas outras manifestações culturais.
Folclore é o conjunto de coisas que o povo sabe, sem saber quem ensinou. Se perguntarmos quem criou - os mitos, as histórias, as supertições, as danças, as cantigas, as comidas... -, ninguém vai saber dizer. Porque não existe um autor para essas coisas. Elas
são contadas e ensinadas, oralmente ou, de uns tempos pra cá, por escrito. Passaram do bisavô pro avô, do avô pro pai, do pai pro filho... Assim chegaram até os nossos dias.
O folclore brasileiro é rico em lendas e personagens. Devemos considerar que lenda não significa mentira, em verdade absoluta, o que podemos e devemos deduzir é que uma história para ser criada e ter sobrevivido na memória das pessoas, ela deve ter no mínimo um pouco de verdade um pouco de mentira. Uma cidade como Várzea com tantas manifestações populares não poderia deixar de ter sua própria lenda “ A mulher que chora”:
Há muito tempo atrás, segundo conta os moradores mais antigos, existia uma mulher em Várzea que morreu de fome, e que em tempo em tempo ela “A mulher que chora” aparece chorando, com uma criança nos braços e uma trouxa na cabeça, conta-se que as pessoas que a viu, ouvia dela um choro muito doloroso. Quem a via não sabia que era falecida, e ao pergunta-lhe do lamento ela respondia: “lamento por eu e meu filho termos morrido de fome”. Depois de explicar a razão do lamento desaparece.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais a produção artística encontra-se em qualquer lugar:
Em diversas situações do dia-a-dia, as pessoas estão cercadas por obras de arte. Muitas vezes sem se derem conta disso. Uma volta pela cidade com olhos atentos é suficiente para descobrir onde a arte pode estar “escondida”: a disposição de uma vitrine, os arranjos em um jardim, a musica de um violeiro, as apresentações de dança de rua. O fenômeno artístico apresenta-se na cultura popular.
Em nosso município há diversas expressões artísticas, destacaremos aqui o texto “Várzea das acácias” de autoria de João Maria Ludugero da Silva, no texto o autor demonstra sua visão poética, expressando seus sentimentos de amor pela cidade de Várzea:
“O sol se escondia no horizonte. Um colorido laranja-avermelhado misturava-se com azul anil celeste. O céu até parecia um fogaréu, em chamas quase extintas; era o término de mais um dia, como tantos, a monotonia de sempre, essa monotonia que eu prezo com amor, vida. Respeitando e preservando a natureza , pois para mim, viver a natureza é viver realmente, e não apenas passar pela vida. Que bom ficar observando o auriverde das acácias duas cores simbolizando a nossa pátria, o Brasil, não apenas duas cores várias; o brando e o azul esplendido da imensidão do céu. Rememorizar sempre os bons momentos da vida são revive-los novamente. Sinto-me completamente extasiado quando lembro dos momentos felizes que lá passei, um belo recanto da natureza: Várzea.
Sentado na grama do rio Joca, rio que banha a cidade de Várzea, contemplava o anoitecer com admiração; a ouvir o cantar dos passarinhos pousando de galho em galho em busca de seus ninhos, livres em seu habitat. Os raios solares se consumiam pouco a pouco, devido ao movimento de rotação da terra. Ao escurecer, sapos coaxavam, ouvia-se o canto dos grilos e de vez em quando um vagalume saía ou mudava de lugar. Inspirando ar puro, enchia os pulmões alucinado e de olhos entreabertos expirava calmamente e até me sentia aéreo, como que criasse asas e tornasse-me um pássaro e levantasse vôo. Um vôo até a lua.
Recebendo o aroma entorpecente desprendido das acácias e de outras flores, perfume agradável era lançado em mim, sentia-me lisonjeado pela natureza. Desapercebido com o passar do tempo, era alertado com repicar do sino, voltava para casa satisfeito; hora de Ave-Maria...
Ao amanhecer... um novo dia, folhas e flores; folhas verdes, secas, flores amareladas caídas, sacudidas pelo vento. Folhas sem clorofila, semi-mortas, que não podiam realizar fotossínteses; como na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, estas folhas se transformam em húmus fertilizantes que torna a terra, Várzea, mais fértil. Várzea das Acácias.
Um paraíso... vivendo em corpo e alma, paraíso terrestre, um lugar em que vivemos felizes, um paraíso que pra habita-lo não é preciso passar para uma outra vida, isto é morrer. Num paraíso onde São Pedro é o padroeiro. Foi fundada por Ângelo Bezerra, Ângelo nome angélico, anjo. Só sendo mesmo um paraíso!
Pequena cidade do interior potiguar, Várzea, com uma população bastante religiosa, povo bondoso, solidário, fraterno e hospitaleiro. Católica romana, religião predominante.A Matriz de São Pedro, afamada pelas suas festividades religiosas do mês de junho, é ornada por duas palmeiras em sua frente que são símbolos monumentais que simbolizam o povo fraterno e cristão, como que as folhas das mesmas simbolizem os varzeanos de braços abertos para o céu, louvando a Deus, mostrando sua fé e confiantes de que Deus também é brasileiro.
Várzea, com suas ruas ornamentadas de verdejantes alamedas de acácias , é a cidade onde existe um pedaço de mim. Várzea eu te amo e me orgulho de ser varzeano. “Cidade das Acácias”. Minha Várzea, meu pedaço do Brasil !”
Vale destacar também em nosso município a prática esportiva, pois a mesma há muito anos atrás vem sento praticada pelos desportistas de nossa cidade, quando ocorre eventos de esportes, toda a comunidade é mobilizada.
Destacaremos agora informações relevantes sobre o esporte varzeano, que também constitui uma cultura enraizada em nossa comunidade; as quais foram dadas pelo Ex prefeito o Sr. Severino Florêncio Sobrinho um de nossos moradores , que muito contribuiu para a perpetuação da prática do esporte em nosso município. Além de sua cooperação e prática do esporte, criou times de futebol, como o Várzea Futebol Clube, o Nova Esperança Futebol Clube, o Vasco, dos quais participou e contribuiu.
O esporte em nosso município deve existir aproximadamente a cem anos atrás. O esporte de vaquejada, acredita-se ser o mais antigo, depois o futebol e continuando vieram outras modalidades esportivas como voleibol, futebol de salão, sinuca, sueca entre outros. Os mais praticados são o futebol, futebol de salão seguido de vaquejada.
A construção do Ginásio Poliesportivo em nossa cidade veio para incentivar cada vez mais a cultura e o desporto, visto que além da realização de jogos e campeonatos de futebol de salão, a mesma serve para a realização de outros eventos.
O futebol é o esporte mais querido do mundo, em nosso município não poderia ser diferente, , quando há competição local ou regional, toda a população se mobiliza. Times de nosso município por mais de uma vez, já conquistou troféus de campeão em conhecidas competições como o matutão, levando o nome de nossa cidade ao conhecimento das regiões do nosso estado.
Para a realização do futebol em nossa cidade temos estádio de futebol (João Aureliano de Lima), com uma boa infra-estrutura
Os primeiros times de futebol mais conhecidos em nossa cidade foram: primeiro o Ipiranga, depois o Brasil Futebol Clube e o Várzea Futebol clube, extintos. Depois vieram outros times como o Flamengo e o Vasco, paralisados por falta de condições financeira. Hoje temos o Nova Esperança, que representa a nossa cidade nas competições local e regional. No futebol os nomes em nosso município foram ; Manoel Davi, José de Aza, Nego Prego, Arnor Coelho, Pirão, Bita entre tantos outros do passado.
No esporte da vaquejada é destaque em nosso município, pois há vários eventos que mobilizam vários vaqueiros de todo o estado e até de outros estados brasileiros. A vaquejada oficial realizada todos os anos é conhecida em toda a região, além deste evento acontecem vários bolões. Em nossa comunidade sempre houve um parque de vaquejada, o primeiro parque ficava no centro da cidade, depois foi construído um outro próximo do centro da cidade na atual rua Antonio Rosas, com o crescimento da cidade as vaquejadas foram deslocadas para a fazenda de Chico Cruz, hoje nossa cidade já possui um dos melhores parques de vaquejada da região, localizada bem dentro da cidade.
Entre vários vaqueiros praticantes do esporte, destaca-se Reginaldo Ferreira ou Ré da Viúva como é conhecido, que disputou troféus representando o nosso município em várias vaquejadas no estado e no País. O mesmo trouxe vários troféus e prêmios de vencedor dessas disputas, para a grandeza do nome de nosso município. Nesse esporte destacaram-se no passado os vaqueiros; Lourival Pereira, Benedito Terto, Dadá Vaqueiro, Lucilo de Alexandria, João do Arisco, Raimundo Rosas, Severino Miranda, Geraldo Pegado, João da Cunha, Paulírio Teixeira, dentre outros que sempre participaram de disputas levando o nome de nosso município por todas as competições que paticipava.
O esporte varzeano vem se desenvolvendo progressivamente. Em nosso município há boa modernização e infra-estrutura, como: o estádio de futebol, ginásio polesportivo, quadras de esporte, parque de vaquejada e ciclovia, para a realização da prática de esporte em nossa cidade.
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Beto Bello

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